
De todos fantasmas do passado , de todas as vidas que já vivi , entre veias rasgadas e mentes feridas , do que sinto mais falta é de quem fui . Percorro o corredor vazio , escuro e sujo que noutro tempo se encontrava resplandecente e belo . Lentos e pequenos passos fatigados que me abandonam a meio do caminho para o quarto . Olho demorada e fixamente pela porta entreaberta . Está tudo exactamente na mesma , como no dia em que parti : a cama com a mesma colcha cor de escarlate , com as duas almofadas sempre na cabeceira ; o tapete felpudo bege , agora com uma ligeira camada de pó acumulada ; as cortinas que outrora foram brancas , dançam sobre a janela ; as paredes todas elas brancas com a exepção de uma onde se encontra , ainda , a frase escrita « The colours of the rainbow, so pretty in the sky are also on the faces of people going by ... » a mesma secretária com os mesmos livros e cartas abertos sobre ela . Entro receosa e hesitante por entre passos pausados , parando para observar tudo em meu redor (e pó elevasse atrás de mim num reboliço) . Transponho a secretária e pego numa carta e contemplo-a , dirigindo o meu olhar para o cabeçalho «
23.12.2012 » .
Voltei a cabeça para a direita e encarei o espelho . A vida está lá onde deveria de estar e ainda sorri pra mim mas não revela o fim da história . Sem luz no corredor , eu continuo aqui . Deito-me na cama e fecho os olhos . A tarde já não passa e o fim da história é perecedouro , e as noitas são insuficientes e eu insisto em ficar , em ficar junto daquilo que um dia foi meu . É como se fosse um instinto natural , uma questão de sobrevivência transcendente e irreal . Tudo isto , para não ter que partir , para não ter que olhar para trás e renunciar ao trono do meu pequeno mundo .
Para não ter que recorrer a uma
despedida ...
LINDOOOOOO :o
ResponderEliminarobrigada querida $_
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